terça-feira, 30 de novembro de 2010

O crepúsculo da Idade

Cobre-te, com a manta, velho
Eis que é chegado o Inverno
Cobre-te, na teia da tua avareza
Coloca almofadas para disfarçar a tua magreza
Quantas vezes, ó velho! Não quiseste tu sujar as mãos no carvão do trabalho
Quantas vezes, ó velho, quiseste tu vida fácil
Cobre-te na casa, recluso sem amigos e sem lume
Quando novo, veloz e ágil
Muito quiseste uma fortuna tiveste
Mas não a fortuna para a gerir
Perdeste os dias no vinho e a rir
Sem o passar do tempo te molestar
Mas eis, que é chegado os dias do crepúsculo
O riso é uma recordação amarga
Com o choro paga
A tua casa sempre em festa hoje decadente
Portas quebradas tachos vazios a miséria sorridente
Onde estão os teu companheiros de aventura?
Terrores da noite madrugadores do meio-dia
Baixaram e fecharam os olhos no sono da eternidade
E tu? Preso numa vida sem cor sem puderes realizar as tuas necessidades
Antes a carne era comida duas vezes ao dia
Hoje sopa de ervas daninhas com musgo pelo jantar
O velho homem!!! que é feito de ti?
Antes tinhas o perfume de uma nova conquista na tarde onde te levantavas
Hoje uma figura decrépita triste e agoniada
Sem ninguém ao pé de ti
O velho que não és homem mas nação
Presa no retalho dos vícios e com vaidade para não ser medicada
Orgulho pedregoso que te afoga em ti mesmo
Não é tarde apesar de entardecer.

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